terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Escrita criativa - O Cavaleiro Vasco

Desenho: Francisco Pereira

Texto: Tiago Oliveira, Letícia Gonçalves, Rúben Simões e Francisco Pereira

Era uma vez uma princesa que andava a passear pelos bosques, com uma grande tristeza no seu coração, quando, sem mais nem menos, apareceu um guerreiro e levou-a consigo, contra a sua vontade, para o Reino das Trevas, mundo governado pelo Príncipe Jacinto que queria conquistar o mundo terrestre. Resolveu raptar a princesa, para que o seu pai, o rei Alexandre, desistisse do poder e entregasse o seu reino ao Príncipe Jacinto. Ele era a pessoa mais desprezível que alguma vez tivesse existido. Era tão mau que, certo dia, ao passar numa aldeia, roubou as galinhas de um pobre camponês, porque entendeu que pobre não comia carne.

A princesa foi encarcerada nas masmorras mais escuras do castelo do príncipe malvado. Dali era praticamente impossível sair, pois o castelo estava guardado por um dragão assustador.

Vasco, um jovem cavaleiro, mal soube que a princesa tinha sido presa, resolveu libertá-la. Montado no seu cavalo, deslocou-se até ao castelo e deparou-se com o dragão que só podia ser derrotado se alguém acertasse com uma seta de prata no pescoço do monstro. Só assim a sua armadura seria desativada e o dragão morreria.

Ao fim de vários dias, em que o jovem quase perdeu a vida, ele finalmente conseguiu acertar no pescoço do dragão com a última seta de prata, derrotando-o. O castelo estava agora desprotegido, mas havia outro obstáculo. Vasco teve ainda de lutar com o Príncipe Jacinto que raptara a princesa. Já com poucas forças por ter tentado lutar com o dragão, o Vasco tirou da sua bolsa um livro de feitiços e gritou as palavras seguintes: “Bazi, Bazu, Tingo, Tango que te transformes em frango!”.

Subitamente, formou-se uma nuvem de fumo e dela saiu um frango depenado que desatou a fugir. Vasco libertou a princesa, mas ainda havia algumas armadilhas que era preciso ultrapassar para sair do castelo. Num corredor, à passagem dos dois, as paredes começaram a juntar-se e delas saíram uns bicos. Vasco pegou na sua espada e manejando-a de um lado para o outro, cortou um a um os bicos e por pouco os dois conseguiram ultrapassar aquele obstáculo. 

A seguir, ao passar pelo portão principal, foi acionado um machado basculante que por pouco não acertou nos dois. Valeu ao Vasco ter bons reflexos e foi assim que ele não foi atingido pela lâmina cortante. Já fora do castelo, os dois fizeram-se à estrada e Vasco levou finalmente a princesa de volta para casa dela, onde ficou uns dias a descansar.

Entretanto, o guerreiro que tinha sido transformado num frango encontrou um portal e atravessou-o. Dentro dele estava uma bruxa à sua espera e que era amiga do malvado Príncipe Jacinto. “Patati, Patatá”, disse a bruxa e o frango voltou a ser o guerreiro. Este jurou vingar-se do Vasco. 

Já recomposto, depois de um merecido descanso, o cavaleiro Vasco despediu-se da princesa Mariana e do rei Alexandre e montou o seu cavalo, partindo em direção ao sul. 

Ao fim de sete dias a cavalgar, chegou a uma encruzilhada. Tinha quatro caminhos à sua escolha. Qual deles haveria de escolher? Naquele instante, ouviu-se uma voz: “só um destes caminhos te conduzirá à felicidade. Os outros três levar-te-ão à morte”. Ouviu-se um silêncio assustador e Vasco ficou a pensar. Foi então que teve uma ideia mais brilhante do que todo o ouro e diamantes juntos. Decidiu atirar uma flecha com o seu arco por cada um dos caminhos, mas antes mergulhou as quatro pontas das setas numa poção mágica. O objetivo era as flechas só acertarem em monstros. Se no caminho estivesse uma pessoa de bem, a seta transformava-se numa flor vermelha. 

O Vasco disparou no sentido do primeiro caminho e logo se ouviu o grito horrível de um lobisomem. No segundo caminho, depois de atirada a flecha, foi a vez de um ogre esfomeado largar um rugido. Vasco armou outra vez o seu arco e disparou na direção do terceiro caminho. Foi então que se ouviu o barulho sibilante de uma serpente de três cabeças. Já só restava um caminho, mas à cautela, o Vasco usou a última seta, não fosse o Diabo tecê-las. 

- Esta é a flor mais bonita que eu alguma vez vi. Que aquele que ma deu venha ao meu encontro! – ouviu-se ao longe. Era uma voz feminina. Ainda assim, Vasco ficou com um pé atrás. Seguiu pelo quarto caminho e encontrou uma torre muito alta que no seu interior tinha uma rapariga mais formosa do que o sol e a lua juntos. 

- Como te chamas, jovem cavaleiro? – perguntou a rapariga.

- Vasco é o meu nome. E o teu, qual é?

- Chamo-me Alice e há uma eternidade que estou aqui presa à espera que alguém me liberte. 

Bastou ao Vasco tocar com a sua mão nas grades e estas desapareceram, libertando a bela jovem. O cavaleiro olhou nos seus olhos e viu nela uma tristeza que já vira noutra pessoa. Lembrou-se então da Princesa Mariana que ele também libertara. 

- Creio que sei porque estás triste. Fica descansada, a tua irmã está sã e salva, junto do vosso pai, o Rei Alexandre – sossegou o Vasco.

- Leva-me de volta a casa e o meu pai fará de ti o homem mais rico.

O cavaleiro Vasco regressou então a casa e passado pouco tempo ele e a princesa Alice casaram-se. Entretanto, Mariana, a irmã da princesa, também se apaixonou por um cavaleiro de um reino vizinho e não tardou muito até se realizar mais um casamento.

Quanto ao Príncipe Jacinto que já fora frango, contam as más-línguas que mal saiu do portal ele voltou a transformar-se numa ave depenada. Pior mesmo foi quando por ali passou o pobre camponês do princípio da história que ao ver o frango, não reconheceu o Príncipe Jacinto. Pegou nele, pô-lo num saco e comeu-o ao almoço acompanhado de umas estaladiças batatas fritas.
Desenho: Tiago Oliveira

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