Lara Simões, Catarina Moreira, Daniel
Cunha e Guilherme Simões
No tempo em que a magia governava o mundo, vivia um jovem
pastor que passava os seus dias a tomar conta do seu rebanho.
Certo dia, quando as suas ovelhas pastavam no sopé da
Montanha Sagrada, o rapaz encontrou, enfiada numa rocha, uma ocarina dourada.
Achou o instrumento tão bonito que não resistiu a tocá-lo.
Foi então que aconteceu algo maravilhoso. As ovelhas começaram a dançar e a
cantar e, ainda mais espantoso, o pastor percebia tudo aquilo que elas diziam.
- Ó jeitosa, vem cá dançar comigo! – disse um carneiro para
uma ovelha envergonhada.
- Pago uma rodada de dentes de leão a toda a gente! – gritou
uma ovelha já com a barriga demasiado cheia.
A cantiga era do mais divertido que o pastor alguma vez
havia ouvido:
Um passo para trás
e dois para a frente
A festa não para
e até damos ao dente
Para a direita e para a esquerda
Nesta dança de ovelhas
A gente faz o que quer
O que nos dá na telha
O pastor estava deliciado com o que estava a ver. No céu, um
bando de corvos voava. O rapaz voltou a pegar na sua ocarina, soprou nela e
logo percebeu o que aquelas aves negras conversavam. Em vez de se ouvir o seu
crocitar, ouviram-se palavras como se fossem humanos a falar:
- Coitada da princesa Ludovina, uma rapariga tão boa e tão
bela, com um feitiço destes em cima.
- É verdade. Ser atingida por raios mal saia do seu castelo
é um feitiço terrível! – acrescentou um outro corvo.
Ao ouvir esta história, o tocador de ocarina pensou se ele
não poderia libertar a princesa daquele feitiço. Juntou o seu rebanho e, todos
juntos, partiram em direção do castelo da princesa Ludovina, que se via ao
longe. Sobre ele pairavam nuvens cinzentas, das quais se desprendiam relâmpagos.
Por onde o pastor e as suas ovelhas cantoras e bailarinas passavam, as pessoas
ficavam estupefactas e aplaudiam aquela trupe.
Sempre que lhe surgia um problema, o jovem puxava do seu
instrumento de sopro e arranjava uma solução. Viu um pobre e velho camponês,
desesperado e quis saber o que o apoquentava:
- Parte da minha casa ruiu e não tenho forças nem dinheiro
para reconstruí-la – lamentou-se o homem.
- Descansa, bom homem. Eu vou ajudar-te – respondeu o jovem
que, mal acabou de falar, pegou na sua ocarina e pôs-se a tocar. Logo a magia
tocou cada uma das pedras e umas atrás das outras elas formaram num instante um
novo muro. Agradecido, o camponês chorava de alegria.
A notícia de um tocador de ocarina depressa se espalhou pelo
reino e quando o pastor e o seu rebanho chegaram ao castelo, já o rei e toda a
corte os aguardavam.
- Pastor, meu amigo, conto contigo para quebrares o encanto
que amaldiçoa a minha filha – exclamou o pai da princesa.
Nesse mesmo instante, a princesa Ludovina veio à janela e
logo um raio se abateu perto dela. O pastor tirou do bolso a sua ocarina e
tocou a mais linda melodia de sempre. O rebanho dançou e cantou como nunca. O
céu, até agora cinzento e ameaçador, clareou e ficou pintado de azul, o mesmo
azul dos olhos da princesa cujo feitiço acabara de ser quebrado. Ludovina podia
agora sair do castelo sem ser atingida por um raio.
Eternamente agradecidos, o rei e a rainha deram ao jovem a
mão da sua filha. A ocarina foi dada de pai para filho e um dia perdeu-se
algures na floresta. Nesse mesmo dia, a magia acabou e o mundo voltou a ser
como dantes. Passeiem pela floresta. Quem sabe se um dia não encontrarão a
ocarina…
Desenho de Lara Simões
2 comentários:
Fiquei maravilhada...escrita simples...imaginação de encantar..
Parabéns.
Parabéns!
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