Esta é a história de um menino aviador que vivia no deserto e que tinha um hidroavião com vida própria. Falava, cantava, brincava e até dançava no céu. O menino aviador, cabelo preto, de camisa branca e calças vermelhas, usava um medalhão ao pescoço feito de pequenos pedaços de vidro, uma recordação da mãe que tinha morrido ainda ele era bebé. Também nunca conhecera o pai e por esse motivo o hidroavião falante era a sua única companhia. O menino aviador gostava muito do seu hidroavião e este último também o considerava o seu melhor amigo. Talvez até um irmão. Certa vez, o menino aviador fez uma longa viagem e foi parar à selva. Lá encontrou um velho feiticeiro que lhe disse existir um tesouro numa gruta abandonada.
- Mas porque não vais tu buscá-lo? – perguntou o menino.
- Já estou velho e não tenho forças – respondeu o feiticeiro.
Na verdade, só alguém com um coração puro como o do menino aviador poderia entrar naquela gruta e de lá trazer o baú dourado. Por outro lado, o velho feiticeiro era uma pessoa da pior espécie e a simpatia que demonstrava pelo rapaz era toda fingida.
Apesar de desconfiado, o menino aviador resolveu ajudar o feiticeiro. Entrou na gruta e ao fim de algum tempo retirou do seu interior um baú em tudo igual àquele que o feiticeiro havia descrito.
O menino aviador preparava-se para entregar o baú ao feiticeiro quando, de repente, lhe apareceu um majestoso leão que lhe disse:
- Menino, não entregues o baú ao feiticeiro. Se o fizeres, todos os animais desta ilha se transformarão em pedra. O que levas aí no baú é a vida de todos quantos habitam esta ilha. Nas mãos do feiticeiro, esse tesouro só o vai satisfazer a ele.
O menino aviador sempre desconfiara do feiticeiro, mas agora tinha razões para não acreditar nas intenções dele.
- Está nas tuas mãos salvares as nossas vidas – concluiu o leão antes de desaparecer no meio da vegetação densa.
O menino ainda estava a pensar no que havia de fazer, quando apareceu o feiticeiro acompanhado de um corvo enorme.
- Vejo que tens o baú contigo. Entrega-mo já e eu dar-te-ei tudo o que tu quiseres – prometeu o feiticeiro.
- Não, feiticeiro. Sei agora quais são as tuas intenções.
O feiticeiro ficou furioso e ordenou ao seu corvo que arrancasse o baú das mãos do menino. O corvo e o menino envolveram-se numa luta e, como ele não largava o baú, os dois elevaram-se no ar. Ao fim de algum tempo, o corvo acabou por largar o menino que segurava firmemente o baú. O menino e o baú caíram no mar.
Ao fim de alguns minutos, o baú veio à superfície, mas o menino aviador não. Os animais da ilha, que assistiram à luta, estavam agora desesperados. Teria o menino aviador morrido? O corvo agarrou o baú com as suas patas e depositou-o nas mãos do feiticeiro. Foi então que todos os animais daquela ilha se transformaram em pedra. O feiticeiro não cabia em si de tanta felicidade e naquele momento ouviu-se o riso mais assustador de sempre.
E o menino aviador? O que era feito dele? Teria ele mesmo desparecido no fundo do mar? Não, felizmente para ele, o feitiço só se aplicava a todos os seres vivos que estavam na ilha. Assim, o menino aviador, os peixes, os golfinhos, os tubarões, as alforrecas, as tartarugas, as gaivotas e os caranguejos não se tinham transformado em pedra. Salvo pelos golfinhos e pelos caranguejos, o menino aviador saiu da água com muita cautela, para que o feiticeiro não o visse.
O menino não podia ficar de braços cruzados. Foi a correr para o seu hidroavião, ligou-o e levantou voo. Do céu, o menino facilmente descobriu o esconderijo do feiticeiro.
Ligou o radar e sobrevoou a ilha. Viu o corvo à entrada de uma gruta. O menino aviador saltou de paraquedas, atirou uma rede para cima do corvo, imobilizando-o e, sem que ninguém o visse, entrou no esconderijo, onde o mago estava a dormir. Foi como tirar um doce a um bebé. O menino aviador pegou no baú e saiu porta fora, mas tropeçou num tapete, fazendo barulho, o suficiente para acordar o feiticeiro. Estremunhado, o feiticeiro ainda pegou na sua varinha de condão e apontou-a para o menino aviador.
- Também te transformarei numa estátua para a minha coleção! – gritou o feiticeiro.
O raio atingiu o menino aviador, mas em vez de o transformar em estátua, foi de imediato refletido e foi o feiticeiro quem sofreu o feitiço. O medalhão que o menino aviador trazia ao pescoço salvara-lhe a vida. O menino aviador agradeceu à mãe e foi assim que o baú voltou para o sítio onde inicialmente se encontrava, o que devolveu a vida a todos os animais da ilha. Quanto ao feiticeiro, ele lá continua, transformado em pedra, na sua gruta.
Todos os animais da ilha agradeceram ao menino aviador e depois deste episódio ele e o seu amigo hidroavião viajam com muita frequência do deserto para aquela ilha onde são sempre muito bem recebidos.
3 comentários:
Bonita história! Muita criatividade e imaginação... Parabéns!
Bonita história! Muita criatividade e imaginação... Parabéns!
Bonita história! Muita criatividade e imaginação... Parabéns!
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