quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

No dia em que falámos para o Camboja


Já no final do ano letivo 2012/2013, os alunos do 1.º A (agora já estão no 2.º A) fizeram uma ligação quase para o outro lado do mundo. Através da internet, no dia em que o Martim fazia anos, tivemos a oportunidade de estabelecer uma ligação com o Camboja, um país localizado na porção sul da Península da Indochina, no Sudeste Asiático. Sendo este um dia especial para o Martim, ele teve o privilégio de falar com a sua madrinha que, habitualmente, vive em Macau, mas que, na altura, se encontrava no Camboja a trabalhar. Foi uma experiência fantástica, em que todos aproveitaram para fazer perguntas à madrinha do Martim, querendo saber como é viver naquelas paragens. No final da nossa conversa, tivemos ainda tempo para interpretar "A Maior Flor do Mundo (Era uma Vez)", uma canção da nossa autoria que atravessou meio planeta e se fez ouvir no Camboja cuja capital é Phnom Penh. 

2.º A (EB1 com JI de Santa Rita - Lousã)

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Uma visita à Biblioteca Comendador Montenegro

 

No dia 20 de fevereiro visitamos a Biblioteca Municipal “Comendador Montenegro”, na Lousã. Quando chegamos, no átrio (onde havia uma exposição de fotografias), fomos recebidos, com simpatia, pelas bibliotecárias: Mena e Joana que nos encaminharam à sala Infanto-juvenil. Neste espaço havia várias estantes com livros para crianças e adolescentes e um “cantinho” com cadeiras, onde nos sentamos para assistir ao conto de uma história com sombras chinesas. O título é “Tiago e o Monstro” (2013), do autor Sue Mongredien, com ilustrações de Nick East, editado por “Minutos de Leitura”. Esta é a sinopse da história: Certa noite, um monstro aparece nos sonhos do Tiago. Na noite seguinte, ele tem até medo de ir dormir. "Se ele voltar, imagina que tem umas cuecas cor-de-rosa enfiadas na cabeça", sugere a Mãe. "Assim ele já não será assustador!" Mas será que o plano inteligente da mãe funcionará? Nós gostamos muito desta divertida história! A seguir fomos até ao 1.º andar, uma sala com livros, revistas e jornais para adultos, onde conversamos com a bibliotecária Sandra. Já, no átrio, prontos para ir embora, perguntámos o que havia no piso de baixo. As bibliotecárias informaram-nos que era o Arquivo. “Podemos lá ir?” – perguntamos. E lá descemos as escadas que nos conduziram àquele labirinto de tantos livros, revistas...Alguns eram muito antigos! A bibliotecária Natércia indicava por onde devíamos ir e respondia, prontamente, às nossas perguntas. Quando saímos da Biblioteca: um radioso sol de inverno! Que belo passeio!
1.º A (EB1 com JI de Santa Rita)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Escrita criativa - O Menino Aviador

Desenho de Tiago Ferreira

Texto de Tiago Ferreira, André Fernandes, Diana Reis e Martim Martins

Esta é a história de um menino aviador que vivia no deserto e que tinha um hidroavião com vida própria. Falava, cantava, brincava e até dançava no céu. O menino aviador, cabelo preto, de camisa branca e calças vermelhas, usava um medalhão ao pescoço feito de pequenos pedaços de vidro, uma recordação da mãe que tinha morrido ainda ele era bebé. Também nunca conhecera o pai e por esse motivo o hidroavião falante era a sua única companhia. O menino aviador gostava muito do seu hidroavião e este último também o considerava o seu melhor amigo. Talvez até um irmão. Certa vez, o menino aviador fez uma longa viagem e foi parar à selva. Lá encontrou um velho feiticeiro que lhe disse existir um tesouro numa gruta abandonada.
- Mas porque não vais tu buscá-lo? – perguntou o menino.
- Já estou velho e não tenho forças – respondeu o feiticeiro.
Na verdade, só alguém com um coração puro como o do menino aviador poderia entrar naquela gruta e de lá trazer o baú dourado. Por outro lado, o velho feiticeiro era uma pessoa da pior espécie e a simpatia que demonstrava pelo rapaz era toda fingida.
Apesar de desconfiado, o menino aviador resolveu ajudar o feiticeiro. Entrou na gruta e ao fim de algum tempo retirou do seu interior um baú em tudo igual àquele que o feiticeiro havia descrito.
O menino aviador preparava-se para entregar o baú ao feiticeiro quando, de repente, lhe apareceu um majestoso leão que lhe disse:
- Menino, não entregues o baú ao feiticeiro. Se o fizeres, todos os animais desta ilha se transformarão em pedra. O que levas aí no baú é a vida de todos quantos habitam esta ilha. Nas mãos do feiticeiro, esse tesouro só o vai satisfazer a ele.
O menino aviador sempre desconfiara do feiticeiro, mas agora tinha razões para não acreditar nas intenções dele.
- Está nas tuas mãos salvares as nossas vidas – concluiu o leão antes de desaparecer no meio da vegetação densa.
O menino ainda estava a pensar no que havia de fazer, quando apareceu o feiticeiro acompanhado de um corvo enorme.
- Vejo que tens o baú contigo. Entrega-mo já e eu dar-te-ei tudo o que tu quiseres – prometeu o feiticeiro.
- Não, feiticeiro. Sei agora quais são as tuas intenções.
O feiticeiro ficou furioso e ordenou ao seu corvo que arrancasse o baú das mãos do menino. O corvo e o menino envolveram-se numa luta e, como ele não largava o baú, os dois elevaram-se no ar. Ao fim de algum tempo, o corvo acabou por largar o menino que segurava firmemente o baú. O menino e o baú caíram no mar.
Ao fim de alguns minutos, o baú veio à superfície, mas o menino aviador não. Os animais da ilha, que assistiram à luta, estavam agora desesperados. Teria o menino aviador morrido? O corvo agarrou o baú com as suas patas e depositou-o nas mãos do feiticeiro. Foi então que todos os animais daquela ilha se transformaram em pedra. O feiticeiro não cabia em si de tanta felicidade e naquele momento ouviu-se o riso mais assustador de sempre.
E o menino aviador? O que era feito dele? Teria ele mesmo desparecido no fundo do mar? Não, felizmente para ele, o feitiço só se aplicava a todos os seres vivos que estavam na ilha. Assim, o menino aviador, os peixes, os golfinhos, os tubarões, as alforrecas, as tartarugas, as gaivotas e os caranguejos não se tinham transformado em pedra. Salvo pelos golfinhos e pelos caranguejos, o menino aviador saiu da água com muita cautela, para que o feiticeiro não o visse.
O menino não podia ficar de braços cruzados. Foi a correr para o seu hidroavião, ligou-o e levantou voo. Do céu, o menino facilmente descobriu o esconderijo do feiticeiro.
Ligou o radar e sobrevoou a ilha. Viu o corvo à entrada de uma gruta. O menino aviador saltou de paraquedas, atirou uma rede para cima do corvo, imobilizando-o e, sem que ninguém o visse, entrou no esconderijo, onde o mago estava a dormir. Foi como tirar um doce a um bebé. O menino aviador pegou no baú e saiu porta fora, mas tropeçou num tapete, fazendo barulho, o suficiente para acordar o feiticeiro. Estremunhado, o feiticeiro ainda pegou na sua varinha de condão e apontou-a para o menino aviador.
- Também te transformarei numa estátua para a minha coleção! – gritou o feiticeiro.
O raio atingiu o menino aviador, mas em vez de o transformar em estátua, foi de imediato refletido e foi o feiticeiro quem sofreu o feitiço. O medalhão que o menino aviador trazia ao pescoço salvara-lhe a vida. O menino aviador agradeceu à mãe e foi assim que o baú voltou para o sítio onde inicialmente se encontrava, o que devolveu a vida a todos os animais da ilha. Quanto ao feiticeiro, ele lá continua, transformado em pedra, na sua gruta.
Todos os animais da ilha agradeceram ao menino aviador e depois deste episódio ele e o seu amigo hidroavião viajam com muita frequência do deserto para aquela ilha onde são sempre muito bem recebidos.

Escrita criativa - A Galinha Astronauta

Desenho de Ana Moreira

Texto original de Dinis Cagica, Ana Moreira, Manuela Gueifão, Francisco Barreleiro

Era uma vez uma galinha astronauta que vivia num planeta distante. Todos os dias punha um ovo e por esse motivo o seu planeta estava cheio de ovos e ao fim de algum tempo já não havia espaço para mais. Por isso, resolveu arranjar outro planeta. Fez a sua mala, despediu-se dos seus ovos, prometeu voltar em breve e partiu à procura de um outro planeta. 

O primeiro planeta que visitou foi Saturno. Experimentou pôr ovos nos anéis daquele que é o segundo maior planeta, mas eles desapareciam logo. Afinal os anéis não eram sólidos e nada nem ninguém se segurava neles. Além disso, naquele planeta só havia pedras e poeira, o que não era nada agradável para os seus ovos. 

Fez novamente a mala e partiu para Plutão. Qual não foi o seu espanto quando se apercebeu do tamanho minúsculo daquele planeta. Dava apenas para meia-dúzia de ovos e assim não valia a pena. A galinha compreendeu por que motivo os cientistas consideravam Plutão um planeta anão. Decidiu então abandonar aquele planeta rochoso e por isso muito desconfortável para que ela sentasse o seu rabinho no chão. Por isso, rumou em direção a Júpiter, o maior planeta do sistema solar.

Quando lá chegou, percebeu logo que o planeta era imenso e ficou entusiasmada. “Aqui sim, não falta espaço”, pensou a galinha. O pior foi quando se levantou um vento forte que logo se transformou numa tempestade. Que grande azar! A galinha tinha escolhido a Grande Mancha Vermelha para pôr os seus ovos. Não suportou os ventos que chegavam a atingir os 500 quilómetros por hora, pelo que embalou a trouxa e deixou Júpiter.

A seguir, foi para Marte, mas mal lá chegou teve logo vontade de ir embora, porque os gases eram venenosos. Deixou o planeta vermelho para trás e foi em direção a Mercúrio e Vénus. No primeiro planeta, a galinha encontrou muitas crateras, o ideal para ela pôr todos os ovos que queria. Estava ela descansada a pôr um ovo, quando, de repente, veio um meteorito na sua direção. Por pouco não acertou nela, mas, infelizmente, o seu ovo foi atingido e ela decidiu então mudar-se para Vénus.
Desenho de Francisco Barreleiro

No planeta Vénus, ela encontrou montanhas e desfiladeiros, mas o ar era tão sufocante que a galinha foi-se logo embora.

À sua frente estava agora Úrano. Pousou no solo daquele planeta e pôs-se a olhar para o céu. Começou a contar as luas de Úrano. Uma, duas, três… vinte e uma! Úrano tinha ao todo 21 luas. A galinha teve um grande azar. Quando chegou era noite de luar e 21 luas era uma grande confusão para ela. Não pensou duas vezes: foi-se embora.

Chegou então a Neptuno, mas partiu logo de imediato, porque os ventos sopravam a 2000 quilómetros por hora e as nuvens de metano tornavam o ar irrespirável.

Na sua viagem, apanhou um grande susto. Ia ela a passar perto de um cometa, quando, de repente, sem mais nem menos, lhe apareceu um buraco negro resultante da morte de uma estrela antiga muito grande. Por pouco a galinha não foi sugada.

Ao longe, a galinha viu uma luz muito brilhante. Voou na sua direção, mas à medida que se aproximava daquele brilho, sentia-se cada vez mais quente. Era o sol e quando já estava muito perto dele, ela sentiu que estava a ficar esturricada e logo voltou para trás. Ainda queimou uma pena, mas foi o suficiente para a galinha perceber que o sol não era lugar para habitar nem tão pouco para uma ave como ela pôr ovos.

Desenho de Catarina Bruno

Já recomposta do susto, a galinha foi na direção da lua. Poisou nela e pôs um ovo, mas aconteceu algo que deixou a galinha de bico aberto: o seu ovo começou a flutuar e a subir cada vez mais, sem que ela o conseguisse apanhar, até porque ela não se conseguia mexer corretamente.

Foi então que ao longe a galinha viu um planeta azul muito bonito. “Uau! Parece que descobri o planeta indicado para eu pôr os meus ovos”.
Deu um salto na direção daquele planeta a que nós humanos damos o nome de Terra e finalmente encontrou o sítio definitivo. Esta história aconteceu há muitos muitos anos, num tempo em que não havia nem homens nem animais. Foi assim que a galinha foi o primeiro animal a povoar o planeta Terra e é por isso que ainda hoje há galinhas e ninguém sabe quem nasceu primeiro: se o ovo ou a galinha.
 
Desenho de Dinis Cagica

Escrita criativa - O Cavaleiro Vasco

Desenho: Francisco Pereira

Texto: Tiago Oliveira, Letícia Gonçalves, Rúben Simões e Francisco Pereira

Era uma vez uma princesa que andava a passear pelos bosques, com uma grande tristeza no seu coração, quando, sem mais nem menos, apareceu um guerreiro e levou-a consigo, contra a sua vontade, para o Reino das Trevas, mundo governado pelo Príncipe Jacinto que queria conquistar o mundo terrestre. Resolveu raptar a princesa, para que o seu pai, o rei Alexandre, desistisse do poder e entregasse o seu reino ao Príncipe Jacinto. Ele era a pessoa mais desprezível que alguma vez tivesse existido. Era tão mau que, certo dia, ao passar numa aldeia, roubou as galinhas de um pobre camponês, porque entendeu que pobre não comia carne.

A princesa foi encarcerada nas masmorras mais escuras do castelo do príncipe malvado. Dali era praticamente impossível sair, pois o castelo estava guardado por um dragão assustador.

Vasco, um jovem cavaleiro, mal soube que a princesa tinha sido presa, resolveu libertá-la. Montado no seu cavalo, deslocou-se até ao castelo e deparou-se com o dragão que só podia ser derrotado se alguém acertasse com uma seta de prata no pescoço do monstro. Só assim a sua armadura seria desativada e o dragão morreria.

Ao fim de vários dias, em que o jovem quase perdeu a vida, ele finalmente conseguiu acertar no pescoço do dragão com a última seta de prata, derrotando-o. O castelo estava agora desprotegido, mas havia outro obstáculo. Vasco teve ainda de lutar com o Príncipe Jacinto que raptara a princesa. Já com poucas forças por ter tentado lutar com o dragão, o Vasco tirou da sua bolsa um livro de feitiços e gritou as palavras seguintes: “Bazi, Bazu, Tingo, Tango que te transformes em frango!”.

Subitamente, formou-se uma nuvem de fumo e dela saiu um frango depenado que desatou a fugir. Vasco libertou a princesa, mas ainda havia algumas armadilhas que era preciso ultrapassar para sair do castelo. Num corredor, à passagem dos dois, as paredes começaram a juntar-se e delas saíram uns bicos. Vasco pegou na sua espada e manejando-a de um lado para o outro, cortou um a um os bicos e por pouco os dois conseguiram ultrapassar aquele obstáculo. 

A seguir, ao passar pelo portão principal, foi acionado um machado basculante que por pouco não acertou nos dois. Valeu ao Vasco ter bons reflexos e foi assim que ele não foi atingido pela lâmina cortante. Já fora do castelo, os dois fizeram-se à estrada e Vasco levou finalmente a princesa de volta para casa dela, onde ficou uns dias a descansar.

Entretanto, o guerreiro que tinha sido transformado num frango encontrou um portal e atravessou-o. Dentro dele estava uma bruxa à sua espera e que era amiga do malvado Príncipe Jacinto. “Patati, Patatá”, disse a bruxa e o frango voltou a ser o guerreiro. Este jurou vingar-se do Vasco. 

Já recomposto, depois de um merecido descanso, o cavaleiro Vasco despediu-se da princesa Mariana e do rei Alexandre e montou o seu cavalo, partindo em direção ao sul. 

Ao fim de sete dias a cavalgar, chegou a uma encruzilhada. Tinha quatro caminhos à sua escolha. Qual deles haveria de escolher? Naquele instante, ouviu-se uma voz: “só um destes caminhos te conduzirá à felicidade. Os outros três levar-te-ão à morte”. Ouviu-se um silêncio assustador e Vasco ficou a pensar. Foi então que teve uma ideia mais brilhante do que todo o ouro e diamantes juntos. Decidiu atirar uma flecha com o seu arco por cada um dos caminhos, mas antes mergulhou as quatro pontas das setas numa poção mágica. O objetivo era as flechas só acertarem em monstros. Se no caminho estivesse uma pessoa de bem, a seta transformava-se numa flor vermelha. 

O Vasco disparou no sentido do primeiro caminho e logo se ouviu o grito horrível de um lobisomem. No segundo caminho, depois de atirada a flecha, foi a vez de um ogre esfomeado largar um rugido. Vasco armou outra vez o seu arco e disparou na direção do terceiro caminho. Foi então que se ouviu o barulho sibilante de uma serpente de três cabeças. Já só restava um caminho, mas à cautela, o Vasco usou a última seta, não fosse o Diabo tecê-las. 

- Esta é a flor mais bonita que eu alguma vez vi. Que aquele que ma deu venha ao meu encontro! – ouviu-se ao longe. Era uma voz feminina. Ainda assim, Vasco ficou com um pé atrás. Seguiu pelo quarto caminho e encontrou uma torre muito alta que no seu interior tinha uma rapariga mais formosa do que o sol e a lua juntos. 

- Como te chamas, jovem cavaleiro? – perguntou a rapariga.

- Vasco é o meu nome. E o teu, qual é?

- Chamo-me Alice e há uma eternidade que estou aqui presa à espera que alguém me liberte. 

Bastou ao Vasco tocar com a sua mão nas grades e estas desapareceram, libertando a bela jovem. O cavaleiro olhou nos seus olhos e viu nela uma tristeza que já vira noutra pessoa. Lembrou-se então da Princesa Mariana que ele também libertara. 

- Creio que sei porque estás triste. Fica descansada, a tua irmã está sã e salva, junto do vosso pai, o Rei Alexandre – sossegou o Vasco.

- Leva-me de volta a casa e o meu pai fará de ti o homem mais rico.

O cavaleiro Vasco regressou então a casa e passado pouco tempo ele e a princesa Alice casaram-se. Entretanto, Mariana, a irmã da princesa, também se apaixonou por um cavaleiro de um reino vizinho e não tardou muito até se realizar mais um casamento.

Quanto ao Príncipe Jacinto que já fora frango, contam as más-línguas que mal saiu do portal ele voltou a transformar-se numa ave depenada. Pior mesmo foi quando por ali passou o pobre camponês do princípio da história que ao ver o frango, não reconheceu o Príncipe Jacinto. Pegou nele, pô-lo num saco e comeu-o ao almoço acompanhado de umas estaladiças batatas fritas.
Desenho: Tiago Oliveira

Escrita criativa - O Tocador de Ocarina

 
Desenho de Guilherme Simões e de Ana Rita Carvalho

Um texto original da autoria de 
Lara Simões, Catarina Moreira, Daniel Cunha e Guilherme Simões

No tempo em que a magia governava o mundo, vivia um jovem pastor que passava os seus dias a tomar conta do seu rebanho.
Certo dia, quando as suas ovelhas pastavam no sopé da Montanha Sagrada, o rapaz encontrou, enfiada numa rocha, uma ocarina dourada.
Achou o instrumento tão bonito que não resistiu a tocá-lo. Foi então que aconteceu algo maravilhoso. As ovelhas começaram a dançar e a cantar e, ainda mais espantoso, o pastor percebia tudo aquilo que elas diziam.
- Ó jeitosa, vem cá dançar comigo! – disse um carneiro para uma ovelha envergonhada.
- Pago uma rodada de dentes de leão a toda a gente! – gritou uma ovelha já com a barriga demasiado cheia.
A cantiga era do mais divertido que o pastor alguma vez havia ouvido:

Um passo para trás
e dois para a frente
A festa não para
e até damos ao dente

Para a direita e para a esquerda
Nesta dança de ovelhas
A gente faz o que quer
O que nos dá na telha

O pastor estava deliciado com o que estava a ver. No céu, um bando de corvos voava. O rapaz voltou a pegar na sua ocarina, soprou nela e logo percebeu o que aquelas aves negras conversavam. Em vez de se ouvir o seu crocitar, ouviram-se palavras como se fossem humanos a falar:
- Coitada da princesa Ludovina, uma rapariga tão boa e tão bela, com um feitiço destes em cima.
- É verdade. Ser atingida por raios mal saia do seu castelo é um feitiço terrível! – acrescentou um outro corvo.
Ao ouvir esta história, o tocador de ocarina pensou se ele não poderia libertar a princesa daquele feitiço. Juntou o seu rebanho e, todos juntos, partiram em direção do castelo da princesa Ludovina, que se via ao longe. Sobre ele pairavam nuvens cinzentas, das quais se desprendiam relâmpagos. Por onde o pastor e as suas ovelhas cantoras e bailarinas passavam, as pessoas ficavam estupefactas e aplaudiam aquela trupe.
Sempre que lhe surgia um problema, o jovem puxava do seu instrumento de sopro e arranjava uma solução. Viu um pobre e velho camponês, desesperado e quis saber o que o apoquentava:
- Parte da minha casa ruiu e não tenho forças nem dinheiro para reconstruí-la – lamentou-se o homem.
- Descansa, bom homem. Eu vou ajudar-te – respondeu o jovem que, mal acabou de falar, pegou na sua ocarina e pôs-se a tocar. Logo a magia tocou cada uma das pedras e umas atrás das outras elas formaram num instante um novo muro. Agradecido, o camponês chorava de alegria.
A notícia de um tocador de ocarina depressa se espalhou pelo reino e quando o pastor e o seu rebanho chegaram ao castelo, já o rei e toda a corte os aguardavam.
- Pastor, meu amigo, conto contigo para quebrares o encanto que amaldiçoa a minha filha – exclamou o pai da princesa.
Nesse mesmo instante, a princesa Ludovina veio à janela e logo um raio se abateu perto dela. O pastor tirou do bolso a sua ocarina e tocou a mais linda melodia de sempre. O rebanho dançou e cantou como nunca. O céu, até agora cinzento e ameaçador, clareou e ficou pintado de azul, o mesmo azul dos olhos da princesa cujo feitiço acabara de ser quebrado. Ludovina podia agora sair do castelo sem ser atingida por um raio.

Eternamente agradecidos, o rei e a rainha deram ao jovem a mão da sua filha. A ocarina foi dada de pai para filho e um dia perdeu-se algures na floresta. Nesse mesmo dia, a magia acabou e o mundo voltou a ser como dantes. Passeiem pela floresta. Quem sabe se um dia não encontrarão a ocarina…
Desenho de Lara Simões